Era um sábado caloroso no Rio de Janeiro. Qualquer pessoa solteira e maior de idade iria querer sair de casa. Eu não seria diferente, me arrumei e fui para uma boate na Zona Sul. Após uma hora sentada no balcão, bebendo um drink, vejo um homem de boa aparência, entrando pela porta. Parecia-me nervoso. Ele veio até minha direção e sentou-se no banco ao meu lado. Pediu uma dose dupla de conhaque e virou em um gole só, batendo o copo no balcão e pedindo outra dose dupla. Assim que ele vira o segundo copo, ele afrouxa a gravata e se vira pra mim.
— Por que as pessoas têm tanta dificuldade em nos entender?
Respiro fundo balançando a cabeça e digo:
— Não sei, mas gostaria muito de poder lhe ajudar. O que houve?
— Bom, minha mulher não me entende. Acha que sou um péssimo pai, por levar meu filho aos lugares de homens, e não aceitar que minha filha esteja ficando moça. Sou pai de dois gêmeos de quinze anos. Às vezes não sei se realmente a amo, ou se aturo ela apenas pelos meus filhos.
Enquanto ele me contava tudo isso, eu ia analisando o que poderia fazer. Ele era um “coroa boa pinta”, desses que andava bem vestido, careca e forte. Com certeza, dinheiro ele tinha. E já que estava desamparado, precisava de alguém para ampará-lo. E já que estou aqui, não poderia deixar de ajudá-lo.
— Eu lhe entendo. — Digo cruzando as pernas e levantando um pouco a saia.
Ele olha para as minhas pernas disfarçadamente e pede mais uma dose, só que dessa vez, duas.
— Tome, beba comigo.
— Olhei para ele, peguei o copo e, antes de beber, passei a língua pela borda do copo.
— Então, sei que é difícil fazer novas amizades, ainda mais em baladas, mas você parece ser uma pessoa agradável. Que tipo de música você gosta?
— Eu gosto de eletrônica, músicas agitadas. E você?
— Eu gosto mais de MPB, curto mais as lentas. Porém amo as que têm um pouco mais de ritmo.
— Gostaria de dançar um pouco? — Ele me olha meio desconfiado. — Sei que não nos conhecemos direito, mas não tem problema. Apenas amigos.
— Tudo bem. Vamos sim.
Ele vai dançando e a bebida vai fazendo efeito. Danço e ao mesmo tempo vou mexendo nos cabelos, descendo até o chão. Vou jogando sensualmente. Fico de costas para ele e vou me aproximando, encosto, e ele vai dançando junto ao meu ritmo e ao da música. Pego a mão dele e coloco na minha cintura. Ele começa a encostar-se a mim, cheirar meu pescoço e pegar firme na minha cintura. Quando sinto que ela está começando a gostar, eu viro-me de frente a ele, pego em sua gravata e desço até o chão. Subo e falo em seu ouvido:
— Não prefere ir para algum outro lugar? — E mordo sua orelha.
— Não, não. Apenas amigos. — Ele diz e fecha os olhos imaginando tudo que poderia acontecer.
— Eu não disse outra coisa, mas você não pode ir para casa dirigindo, desse jeito. Minha casa é aqui perto, seria menos perigoso do que ir até sua casa.
— Tem razão, mas só irei até lá para dormir, certo?
— Claro! — Afirmo sem deixar nenhum tipo de dúvidas no ar.
Ele paga a conta e vamos até o estacionamento. Ele como um grande cavalheiro, abre a porta para mim, e logo depois entra. Seguimos até meu apartamento, quando chegamos lá, abro a porta. Percebo que ele estaria reparando bem o local.
— Entre, sinta-se a vontade. Pode se ajeitar por aí, o banheiro é ali. Vá entrando, que pegarei uma toalha para você se enxugar.
— Certo. — Ele fala sem nenhuma expressão de desconfiança.
Vou tirando minha roupa enquanto ele entra no banheiro. Passo meus cremes de pele, ajeito meu cabelo e coloco uma calcinha especial. Dou o tempo de ele tomar banho. O barulho da água para, então eu levo a toalha. Ele abre só um pouco da porta e estica a mão pedindo a toalha. Coloco a toalha não mão dele e continuo segurando na outra ponta. Ele puxa a toalha e eu me atiro para dentro do Box como se ele tivesse me puxado.
— Ei, ei! O que é isso? Desculpe. —
— Tudo bem. — Digo imprensando ele sobre a parede até ele relaxar.
— Cachorra! Piranha! — Diz ele gritando. — Vadia! — Diz ele sussurrando. —
— Eu sei que você quer, senão quisesse, não teria vindo. Agora eu quero seu sexo, quero você.
— Mas eu sou casado!
— Amanhã você compra umas flores e diz que dormiu na casa de um amigo do escritório.
— Tem razão.
Ele pega-me no colo, encosta-me na parede e começa a beijar meus seios. E me leva para a cama. Depois de horas de sexo, a melhor transa que eu já tive, resolvemos dormir.
No dia seguinte, quando acordo. Ele já está tomado banho, e arrumado.
— Isso nunca mais irá se repetir, mas se quiser continuar sendo minha amiga, meu número está anotado na parede do banheiro.
Eu olho para ele e sorrio, talvez estivesse apaixonada.
— Ei, não se esquece de comprar as flores. — Sorrio e ponho a cabeça sobre o travesseiro novamente.
— Você é uma vagabunda mesmo!
Rodrigo Amaral Franco
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